16 de dezembro de 2011

Sobre mim

Emoções. A palavra que intitula uma das mais conhecidas canções de Roberto Carlos preenche perfeitamente a lacuna quem sou eu. Ontem fui vendedor, office boy, ali estava. Hoje sou jornalista e cá estou. E o amanhã, quem sabe? Reinvento-me para atender aos meus desejos ou aos da vida. Mas as emoções... Ah, essas nunca me abandonam, são sempre sentidas, independente do folhear do calendário. Também pudera. Não bastasse ser sentimental por natureza, ainda cutuco a onça com vara curta e busco no viver aquilo que, de alguma forma, mexe comigo. Pois nada me tira mais do sério que a previsibilidade e a repetição. Talvez esteja aí a explicação para eu ter escolhido como profissão a comunicação, onde há infinitas histórias e personagens (reais) para serem descobertas. Herdei de meu saudoso pai um quê de artista. Possuo uma aguçada percepção do mundo e do viver, e excentricidades que despertam o interesse daqueles que orbitam ao meu redor. Por outro lado, o narcisismo e o egocentrismo em mim latentes podem ser por vezes cansativos, não só para os outros, mas principalmente para mim; tornam-me demasiado exigente em minhas relações. Mas de forma alguma o presente genético é grego; do contrário, melhor não há de ter. Minhas duas paixões são palavras e pessoas. As últimas com ressalva: aquelas que não giram ao redor do mesmo e que não possuem um velho, batido e chato script. Sou um homem feliz por ter presente em minha vida indivíduos dotados dessas características, verdadeiros achados. Quando juntos, só não atribuo o poder de paralisação do tempo porque desconfio que é justamente quando os ponteiros do relógio aceleram o compasso. Por gostar da diversão noturna, pareço sociável. A reclusão, entretanto, me é cada vez mais presente. Só dedico o meu tempo e conto sobre o meu ser e estar para aqueles poucos e bons. Aos demais, tenho na ponta da língua as expressões “tudo bem” e “nada de novidade”, seja para evitar a deturpação ou 'repasse de informações'. Minha professora do primário escreveu em meu boletim daquela série que eu tinha uma grande capacidade de análise e que buscava encontrar e solucionar sozinho os meus erros. Concordo e percebo que meu individualismo vem de longa data, talvez porque desde a infância eu aprendi que só nós mesmos é que podemos acalmar os pesadelos, sonhados ou vividos. Ela ainda atestou que eu estava sempre disposto a ajudar aos colegas que precisavam. E de fato eu sigo a abraçar o mundo. E que raios me faz tornar públicas essas lembranças infantis que, aparentemente, quebram a linearidade do escrito? Ah, meu caro, não é preciso nexo nem justificativa para uma mudança radical, seja nesse texto ou na vida. Apenas sacio as vontades que surgem e penso ser essa a fórmula da felicidade. Assim é que sinto amor, raiva, saudade... emoções! Como diz a composição citada lá em cima, "são tantas já vividas, são momentos que eu não me esqueci, detalhes de uma vida, histórias que eu contei aqui. Amigos eu ganhei, saudades eu senti partindo. E às vezes eu deixei você me ver chorar sorrindo. Sei tudo que o amor é capaz de me dar, eu sei já sofri, mas não deixo de amar. Se chorei ou se sofri, o importante é que emoções eu vivi.” (AJP)

Nenhum comentário:

Postar um comentário